segunda-feira, 30 de maio de 2011

A Flor

Havia uma jovem, que tinha tudo. 
Bom marido, filhos perfeitos, um emprego que lhe pagava muito bem, uma família unida.
Mas ela não conseguia conciliar tudo isso.
O trabalho e os afazeres lhe ocupavam todo o tempo e sua vida sempre estava deficitária em alguma área.
Se o trabalho lhe consumia muito tempo, ela tirava dos filhos, se surgiam problemas no trabalho ela deixava de lado o marido e, assim as pessoas que ela amava eram sempre deixadas para depois.
Até que um dia, seu pai, deu-lhe um presente: uma flor, e disse-lhe: -Filha, esta flor é rara, é única e vai lhe ajudar muito. Você terá apenas que regá-la, podá-la de vez em quando e, às vezes, falar um pouco com ela. Em troca você receberá este perfume maravilhoso e essas lindas flores.
A jovem ficou muito emocionada, afinal, a flor era de uma beleza sem igual.
Mas, o tempo foi passando, os problemas surgiram, o trabalho consumia todo o seu tempo e sua vida, que continuava atarefada, não lhe permitia cuidar da flor.
Ela chegava em casa, olhava a flor e as flores ainda estavam lá, lindas, perfumadas.
Então ela passava direto.
Até que um dia chegando em casa levou um susto.
A flor estava completamente morta.
Suas raízes estavam ressecadas, suas flores caídas e sua folhas amarelas. 
A jovem chorou muito e contou ao seu pai o que havia acontecido.
Seu pai então lhe respondeu: - Eu imaginava que isto iria acontecer, mas não posso lhe dar outra flor, ela era única, assim como seus filhos, seu marido e sua família. Todos são bênçãos que o Senhor lhe deu, mas você tem que aprender a regá-los, podá-los e dar atenção a eles, pois assim como a flor, os sentimentos também morrem. Você se acostumou a ver a flor sempre lá, florida e perfumada e se esqueceu de cuidar dela. Deus nos dá várias flores em nossas vidas: família, irmãos, filhos, amigos... 
Cuide bem das pessoas que você ama.

sexta-feira, 6 de maio de 2011

Anorexia.

O que é?

Essencialmente é o comportamento persistente que uma pessoa apresenta em manter seu peso corporal abaixo dos níveis esperados para sua estrutura, juntamente a uma percepção distorcida quanto ao seu próprio corpo, que leva a paciente a ver-se como "gordo". Apesar das pessoas em volta notarem que o paciente está abaixo do peso, que está magro ou muito magro, o paciente insiste em negar, em emagrecer e perder mais peso. O funcionamento mental de uma forma geral está preservado, exceto quanto a imagem que tem de si mesmo e o comportamento irracional de emagrecimento.
O paciente anorético costuma usar meios poucos usuais para emagrecer. Além da dieta é capaz de submeter-se a exercícios físicos intensos, induzir vômito, jejuar, tomar diuréticos e usar laxantes.
Aos olhos de quem não conhece o problema é estranho como alguém "normal" pode considerar-se acima do peso estando muito abaixo. Não há explicação para o fenômeno mas deve ser levado muito a sério pois 10% dos casos que requerem internação para tratamento (em hospital geral) morrem por inanição, suicídio ou desequilibro dos componentes sanguíneos.

Como é o paciente com anorexia?

O paciente anorético só se destaca pelo seu baixo peso. Isto significa que no seu próprio ambiente  as pessoas não notam que um determinado colega está doente, pelo seu comportamento. Mas se forem juntos em um restaurante ficará evidente que algo esta errado. O paciente com anorexia não considera seu comportamento errado, até recusa-se a ir em um especialista ou tomar medicações. Como não se considera doente é capaz de falar desembaraçadamente e convictamente para os amigos, colegas e familiares que deve perder peso apesar de sua magreza. No começo as pessoas podem até achar que é brincadeira, mas a contínua perda de peso apesar da insistência dos outros em convencer o paciente do contrário, faz soar o alarme. Aí os parentes se assustam e recorrem ao profissional da saúde mental.Os pacientes com anorexia podem desenvolver um paladar estranho ou estabelecer rituais para a alimentação. Algumas vezes podem ser flagrados comendo escondidos. Isto não invalida a necessariamente o diagnóstico embora seja uma atitude suspeita.
Depois de recuperado o próprio paciente, já com seu peso restabelecido e com a recordação de tudo que se passou não sabe explicar porque insistia em perder peso. Na maioria das vezes prefere não tocar no assunto, mas o fato é que nem ele mesmo concorda com a conduta insistente de emagrecer. Essa  constatação no entanto não garante que o episódio não volte a acontecer. Depois de recuperados esses pacientes retornam a sua rotina podendo inclusive ficar acima do peso.
Há dois tipos de pacientes com anorexia. Aqueles que restringem a alimentação e emagrecem e aqueles com episódios denominados binge. Nesses episódios os pacientes comem descontroladamente até não aguentarem mais e depois vomitam o que comeram. Às vezes a quantidade ingerida foi tão gramde quem nem é necessário induzir o próprio vômito: o próprio corpo se encarrega de eliminar o conteúdo gástrico. Há casos raraos de pacientes que rompem o estômago de tanto comerem.

Qual o curso dessa patologia?

A idade média em que surge o problema são 17 anos. Encontramos muitos primeiros episódios entre os 14 e os 18 anos. Dificilmente começa depois dos 40 anos. Muitas vezes eventos negativos da vida da pessoa desencadeiam a anorexia, como perda de emprego, mudança de cidade, etc. Não podemos afirmar que os eventos negativos causem a doença, no máximo só podemos dizer que o precipitam. Muitos pacientes têm apenas um único episódio de anorexia na vida, outros apresentam mais do que isso. Não temos por enuanto meios de saber se o problema voltará ou não para cada paciente: sua recidiva é imprevisível. Alguns podem passar anos em anorexia, numa forma que não seja incompatível com a vida mas também sem restabelecer o peso ideal. Mantendo-se inclusive a auto-imagem distorcida. A internação para a reposição de nutrientes pe recomendada quando os pacientes atingem um nível crítico de risco para a própria saúde.

Sobre quem a anorexia costuma incidir?

As  mulheres são largamente mais acometidas pela anorexia, entre 90 e 95% dos casos são mulheres. A faixa etária mais comum é a dos adultos jovens e adolescentes podendo atingir até a infância, o que é bem menos comum. A anorexia é especialmente mais grave na fase de crescimento porque pode comprometer o ganho esperado para a pessoa, resultando numa estatura menor do que seria alcançada caso não houvesse anorexia. Na fase de crescimento há uma necessidade  maior de ganho calórico: se isso não é obtido a pessoa cresce menos do que cresceria com a alimentação normal. Caso o episódio dure poucos meses o crescimento pode ser compensado. Sendo muito prolongado impedirá o alcance da altura geneticamente determinada. Na população geral a anorexia atinge aproximadamente 0,5%, mas suspeita-se que nos últimos anos o número de casos de anorexia venha aumentando. Ainda é cedo para se afirmar que isto se deva ai modelo de mulher magra como o mais atraente, divulgado pela mídia, esta hipótese está sendo extensivamente pesquisada.
Para se confirmar que o índice de anorexia está aumentando é que se poderá pesquisar as possíveis causas envolvidas. Até bem pouco tempo acreditava-se que a anorexia acontecia mais nas sociedades industrializadas. Na verdade houve falta de estudos nas sociedades em desenvolvimento. Os primeiros estudos nesse sentido começaram a ser feitos recentemente e constatou-se que a anorexia está presente também nas populações desfavorecidas e isoladas das propagandas do corpo magro.

Tratamento

O tratamento da anorexia continua sendo difícil. Não há medicamentos
específicos que restabeleçam a correta percepção da imagem corporal ou desejo de perder peso. Por enquanto as medicações têm sido paliativos. As mais recomendadas são os antidepressivos tricíclicos (possuem como efeito colateral o ganho de peso). Os antidepressivos inibidores da recaptação da serotinina têm sido estudados mas devem ser usados com cuidado uma vez que podem contribuir com a redução do apetite. É bom ressaltar que os pacientes com anorexia têm o apetite normal, ou seja, sentem a mesma fome que qualquer pessoa. O problema é que apesar da fome se recusam a comer. As psicoterapias podem e devem ser usadas, tanto individuais como em grupo ou em família. A indicação dependerá do profissional responsável. Por enquanto não há uma técnica especialmente eficaz. Forçar alimentação não deve ser feita de  forma rotineira. Só quando o nível de desnutrição é ameaçador. Forçar alimentação significa internar o paciente e fornecer alimentos líquidos através de sonda naso-gástrica. Geralmente quando se chega a isso torna-se necessário também conter (amarrar) o paciente no leito para que ele não retire a sonda.
  

Bulimia.




O que é?

É o transtorno alimentar caracterizado por episódios recorrentes de "orgias alimentares", no qual o paciente come num curto espaço de tempo grande quantidade de alimento como se estivesse com muita fome. O paciente perde o  controle sobre si mesmo e depois tenta vomitar e/ou evacuar o que comeu, através de artifícios como medicações, com a finalidade de não ganhar peso.

Generalidades

Existe uma tendência popular em achar que a bulimia é o contrário de anorexia. A rigor o contrário da anorexia seria o paciente achar que está muito magro e precisa engordar, vai ganhando peso, tornando-se obeso e continua a se julgar magro e continua comendo. Isso seria o oposto da anorexia, mas tal quadro psiquiátrico não existe. Na bulimia o paciente não quer engordar, mas não consegue conter o impulso para comer por mais do que alguns dias. O paciente com bulimia tipicamente não é obeso porque usa recursos extremos para eliminar o excesso ingerido. Enquanto a comunidade psiquiátrica mundial não reconhecer o binge como uma patologia à parte seremos obrigados a admitor que há 2 tipos de pacientes com bulimia: os que tendem a eliminar excesso ingerido por vômitos ou laxantes e os pacientes bulímicos que não fazem isso e acabam engordando, esse segundo tipo pode vir a constituir num outro transtorno alimentar, o Binge. Os pacientes com bulimia geralmente apresentam 2 a 3 episódios por semana, o que não significa que no resto do tempo estejam bem. Na verdade esses episódios só não são diários ou mesmo mais de uma vez ao dia porque o paciente não está constantemente lutando contra eles. Esses pacientes pensam em comer o tempo todo. A média de fracassos na tentativa de conter o impulso são duas vezes por semana.

Como é o bulímico?

Basicamente é um paciente com vergonha de seu problema, com sentimento de inferioridade e auto-estima baixa. O paciente reconhece o absurdo do seu comportamento, mas por não conseguir controlá-lo sente-se inferiorizado, incapaz de conter a si mesmo, por isso vê a si como uma pessoa desprezível. Procura esconder dos outros seus problemas para não o desprezarem também. Quando existe um bom motivo como ganhar muito dinheiro o paciente pode até sujeitar-se a expor seu problema. Os pacientes bulímicos geralmente estão dentro do seu peso ou um pouco acima. Tentativas de dieta estão sempre sendo realizadas. Tentativas de adaptar os afazeres e compromissos rotineiros com os episódios de ingestão  e auto-indução de vômito tornam seu estilo de vida bizarro, pois os episódios devem ser feito às escondidas, mesmo das pessoas íntimas. Uma alternativa para a manutenção de seu problema escondido é a opção pelo isolamento e distanciamento social, que por sua vez gera outros problemas.Assim como a anorexia a Bulimia geralmente ocorre no adolescente, predominantemente nas mulheres. Os assuntos das conversas preferidos são relacionados as técnicas de emagrecimento. É comum o comportamento de esconder  alimentos para futuros episódios.
É interessante notar que a bulimia não constitui uma completa perda de controle. O paciente consegue planejar seus episódios, esperar para ficar sozinho e guardar alimentos, por exemplo. Essa incapacidade parcial é integridade para os leigos. Muitas vezes os maridos das pacientes julgam que a paciente faz de tudo porque quer e critica a esposa aumentando sua culpa. Essa atitude deve ser evitada, pois além de não ajudar, atrapalha diminuindo ainda mais a auto-estima da paciente que sucumbe aos esforços por tratar-se. A bulimia muitas vezes sucede aos episódios de anorexia.

Tratamento

Os antidepressivos tricíclicos já foram testados e apresentaram respostas parciais, ou seja, os pacientes melhoram, mas não se recuperam completamente. Carbamazepina e lítio também foram testados com uma resposta ainda mais fraca. Os antidepressivos IMAO também apresentam uma melhora similar a dos tricíclicos, porém melhor tolerado pelos pacientes por terem menos efeitos colaterais. Mais recentemente os antedepressivos inibidores da recaptação de serotonina vêem sendo estudados com boas respostas, mas não muito superiores às dos tricíclicos. Os estimuladores por inibirem o apetite também apresentaram bons resultados, mas há poucos estudos a respeito para se embasar uma conduta terapêutica.
Muitos pacientes só com psicoterapias apresentam remissão completa. Não há uma abordagem especialmente recomendada. Pode-se indicar a psicanálise, a terapia cognitivo-comportamental, terapias de grupo, grupos de auto-ajuda, psicoterapias individuais.

Problemas Clínicos

Os repetidos episódios de auto-indução do vômito geram problemas noutros sistemas do corpo. Ao se vomitar não se perde apenas o que se comeu, mas os sucos digestivos também.
Isso pode acarretar desequilíbrio no balanço dos eletrólitos no sangue, afetando o coração, por exemplo, que precisa de um nível adequado dessas substâncias para ter seu sistema de condução elétrica funcionante.  As repetidas passagem do conteúdo gástrico (que é muito ácido) pelo esôfago acabam por ferí-lo podendo provocar sangramentos. Casos extremos de rompimento do estômago devido ao excesso ingerido com muita rapidez já foram descritos várias vezes. O intestino grosso pode sofrer consequencias pelo usi repetido de laxantes como constipação crônica, hemorróidas, mal estar abdominal ou dores.